12.4 – Regras e princípios
Para diferentes equipamentos técnicos, o processo de ajustagem individual e a seqüência de ajustagem completa variam muito. A necessidade de ajuste em cada equipamento depende de condições particulares, exigindo abordagens específicas para cada caso.
Além dos requisitos listados anteriormente, algumas regras devem ser consideradas para a aplicação de métodos de ajustagem:
REGRA 1 - Um bom esquema de ajustagem resulta numa boa combinação de unidades de ajustagem. O esquema deve mostrar a melhor distribuição possível das submontagens do sistema completo.
REGRA 2 – A seqüência de ajustagem completa deve ser dividida em processos de ajustagem individuais de modo que cada ajustagem crie perfeitas condições para a ajustagem subseqüente.
REGRA 3 – Os ajustes devem ser projetados de modo que as tolerâncias de fabricação sejam as maiores possíveis.
REGRA 4 – Cada ajustagem deve possuir o menor número de posições de ajuste possível, otimizados com relação às tolerâncias de fabricação exigidas e características necessárias de precisão do sistema.
REGRA 5 – Para cada ajuste, existe um número mínimo de posições de ajustagem necessário para que a função do sistema seja adequadamente otimizada. Assim, não se deve ter um número de posições de ajustagem menor do que o necessário e também não excedente.
REGRA 6 – Cada unidade de ajustagem deve possuir um certo número de possibilidades de movimentos, o qual não deve ser excessivo nem insuficiente.
Analisando o sistema mostrado na figura 42, para a reflexão de um feixe paralelo, observa-se que é necessário uma ação de ajustagem no espelho refletor superior com 3 modos de movimento, como mostra a figura 44.
Figura 44 – Seqüência de ajustagem para os espelhos
O primeiro passo consiste na rotação do espelho para colocar o feixe num mesmo plano. O segundo movimento é de inclinação do espelho para tornar o feixe de saída paralelo ao feixe de entrada. O terceiro movimento posiciona o espelho no eixo vertical para corrigir a altura requerida para o feixe de saída.
Neste caso, foram feitas todas as correções no espelho superior. Dependendo da situação, poderia ser muito mais simples efetuar dois dos movimentos de ajustagem (giro e inclinação) no espelho superior e o terceiro movimento de ajustagem no espelho inferior. Esta escolha depende exclusivamente da praticidade de implementação destes ajustes, já que ambas as formas de ajuste resultam no cumprimento adequado da função do sistema, que é refletir um feixe paralelo num mesmo plano e com altura determinada.
A escolha de um mínimo necessário de modos de movimentos pode ser facilitada através da resposta de algumas questões relacionadas a cada componente funcional. As questões mais importantes são:
1 - Qual é o propósito do componente funcional? Que movimentos são necessários para atingir esse propósito?
2 - Que quantidades físicas e geométricas são relevantes para o cumprimento da sua função?
3 - Quais são os efeitos de falhas comuns que influenciam a função do sistema?
4 – A finalidade do componente funcional pode ser afetada por uma falha de posição, como um desvio com relação à posição nominal?
5 – Quanto desvio das posições nominais é aceitável deixando que o componente funcional não seja afetado?
6 – Que tolerâncias são funcionalmente permissíveis?
7 – Que tolerâncias devem ser obtidas na fabricação?
8 – É necessário algum ajuste devido às tolerâncias de fabricação serem maiores do que as tolerâncias permitidas?
9 – Quão sensível deve ser o dispositivo de ajustagem, especialmente se as tolerâncias forem apertadas?
Através da resposta destas questões, a maior parte dos requisitos necessários para o projeto de ajustagem de um sistema será conhecida, facilitando o projeto.
A filosofia de aplicação da ajustagem em sistemas mecânicos de precisão pode parecer conflitantes com as técnicas de compensação de erros, mas na verdade trata-se de uma ferramenta complementar ou até substitutiva dessas técnicas, que muitas vezes tornam-se muito dispendiosas.